Redes sociais - as novas mesas do café?


No meu tempo - entenda-se, quando comecei a caçar - não existiam redes sociais, mas não era por isso que os caçadores deixavam de comunicar com os amigos. Para isso existiam as mesas dos cafés, ou até, as lojas dos armeiros. As segundas-feiras eram o dia, das mentiras, das verdades e de algumas fanfarronices... Mas o pessoal aproveitava para conviver, trocar informações e beber umas cervejas no Verão e uns cafés no Inverno. Era caso para se dizer que a coisa nascia e morria ali.


Lembro-me de um cartaz que costumava estar afixado nos locais onde os caçadores habitualmente se encontravam, e que dizia o seguinte: "Aqui se encontram, caçadores, pescadores e outros mentirosos"...
Todos nós achávamos piada à coisa e (em boa verdade), também colaborávamos, cada um ao seu estilo,  para dar seguimento à tradição.




Hoje em dia constato que os cafés estão cada vez mais vazios de caçadores e as raras lojas de armeiros são uma miragem. O "ponto de encontro", agora, são as redes sociais. Às vezes mesmo em directo do local onde se desenvolveu a jornada de caça!
Sinal dos tempos actuais, as redes sociais são - para o bem e para o mal - uma poderosa ferramenta de comunicação e montra de actividades. Contra isso, não tenho nada. Aliás, sou um assíduo utilizador dessas plataformas, como é prova, inclusivamente, este blogue. Mas acho que a maioria de nós ainda não tem noção do impacto disso mesmo.

É inegável que a caça, e os caçadores, estão diariamente a ser escrutinados e, muitas vezes atacados na sua actividade.
Os movimentos de "cruzados anti-caça", também se infiltram nos grupos de caçadores do Facebook, por exemplo. Com falsos perfis, colhem informação, fotos comprometedoras onde (pretensamente), a lei é desrespeitada, ou mostram imagens que podem ser mal interpretadas e distorcidas, dando consistência à sua argumentação radical.

Curiosamente não os culpo. pois acho que os maiores culpados somos nós. Pelo menos aqueles que fazem questão de se pôr a jeito!

Desengane-se quem acha que o direito que temos hoje de poder caçar é universal e para todo o sempre. As coisas mudaram! Iremos ser cada vez mais atacados e haverão novas tentativas de acabar com a caça. Não adianta enfiar a cabeça na areia. Só mesmo quem ande muito desatento não entenderá isso.
Nós, caçadores, temos de ser mais responsáveis quando partilhamos algumas publicações nas redes sociais. Não se esqueçam que qualquer coisa que publiquem, pode ser vista por muitos milhões de olhos, inclusive por aqueles que não nos vêm com "bons olhos".

Partilhem as vossas caçadas, convivam online com amigos e conhecidos, contem as vossas pequenas "mentiras", porque tudo isso também faz parte da caça. Mas, por favor, não se ponham a jeito ao divulgarem imagens que possam ser usadas conta nós. Deixem-se de provocações desnecessárias que mais não são do que tiros nos pés.



Usem a imaginação e o bom gosto na composição dos vossos quadros de caça. Não publiquem fotos onde se dê a entender que  foram excedidos os limites e, caso o façam, deixem bem explícito quantas armas estiveram implicadas, ou/e o país onde foi efectuada. É uma coisa tão simples, mas que pode ser tão importante.



Termino desejando a todos vós uma boa época de caça, onde a memória dos lances se sobreponha sempre à matemática dos números.
Lembrem-se que: "À mulher de César não basta ser séria, também deve parece-lo"!
Saudações cinegéticas.
Rui Bonito