terça-feira, 12 de março de 2024

Afinal, o que é uma prova de Santo Huberto?



O Santo Huberto foi criado com o espirito de ser uma prova de caça com cão de parar (embora também se faça com levantadores), onde o espirito desportivo e o respeito pela correta prática cinegética, num quadro de respeito pela natureza, seria "representado" numa prestação de 15 minutos.

Não é uma prova de cães, para isso existem outro tipo de provas. É uma prova para caçadores, onde o cão é um auxiliar importante e imprescindível, mas nunca a sua principal figura. A prová-lo estará a diferença de pontuação que é atribuída ao caçador e ao cão, 50-30 pts. E se contarmos com os pontos do tiro, então a relação será 70-30.

O Santo Huberto não será um acto de caça no sentido restrito da palavra, uma vez que as peças são colocadas no terreno e mais, ou menos, limitadas para se manterem dentro do campo. Também são peças cinegéticas criadas em cativeiro, pelo que o seu comportamento não é igual ao das criadas em liberdade, que têm outra capacidade de enganar os cães e caçadores. Mas, tratando-se de uma actividade que se pratica durante todo o ano, esta é a única forma de se poderem realizar sem por em causa a sustentabilidade dos ecossistemas.

Feita esta introdução - para contextualizar aquilo que se passa numa prova - interessa agora analisar o tal "espirito" com que foi criado. Embora esta seja uma análise pessoal (e cada um terá a sua), eu acho que o Santo Huberto deve servir para recriar aquilo que se passa durante uma jornada de caça a sério, onde se estabelece uma relação com a restante equipa, com os companheiros de jornada. O Santo Huberto deve ser amizade, convívio, entreajuda, ainda que tenha de haver quem ganhe e quem perca. Não entender isso é perder tempo e, certamente, haverão outras actividades ligadas à caça que os farão mais felizes. 

Para se fazer Santo Huberto não basta ter uma arma e um cão. É preciso também ter aquilo que faz toda a diferença: saber estar dentro e fora da prova, entender o seu espirito e objectivo, e aceitar as nossas próprias limitações. Eu diria mesmo que o Santo Huberto vai muito para além do seu próprio regulamento, porque ele - Santo Huberto - em última análise, será sempre aquilo que cada um nós quiser.
Para aqueles que tanto o criticam, não perguntem o que é que o Santo Huberto pode fazer por vocês, perguntem o que é que vocês podem fazer pelo Santo Huberto.

PS: faz 30 anos, no dia 30 de Abril, que fiz a minha primeira prova de Santo Huberto, nos Arcos de Valdevez. 


sábado, 2 de março de 2024

De volta

 


Após um longo período sem actualizar este projecto, aqui estou eu a reativar "Os 5 sentidos da caça". 
Será um espaço de partilha e divulgação daquilo que vai acontecendo a nível de organizações cinegéticas, das provas de Santo Huberto em que eu participo, do mundo rural e da gastronomia da caça. 
Com um novo layout, espero que continuem a desfrutar das minhas viagens pelo mundo da caça, dos cães e toda a sua envolvência.

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Entrecosto de Javali na panela



Existem muitas formas de confecionar o Javali. Tendo em conta que a carne deste ungulado é mais seca do que a do "nosso" tradicional porco, tenho sempre a preocupação de cozinhar esta espécie tendo por preocupação minimizar esses facto.

Como sabem, eu não faço caça maior. Por isso estou dependente da simpatia de alguns amigos que, regularmente, me presenteiam com uns bons nacos de carne. Desta vez foi o meu amigo Paulo "Meiguices" Vieira, que me ofereceu uma magnífica pela de entrecosto. Diga-se, de passagem, que é a parte que mais gosto.






Depois de devidamente cortado e pedaços de duas costelinhas, seguiu-se o seu tempero. Para tal fiz uma mistura com azeite, banha de proco, um punhado de sal, pimenta preta e colorau. Após misturar bem os ingredientes, untam-se as costelinhas e deixam-se repousar durante duas horas.


Numa panela (espessa), cobre-se o fundo com duas cebolas cortadas aos quartos e junta-se azeite, uma colher de sopa de banha de porco, três dentes alhos esmagados e com casca e uma folha de louro. Após este procedimento, vamos dispor as costelinhas por cima e em camadas. Regamos com vinho branco qb, até meio da altura da carme.
Leva-se ao lume brando, sempre mantendo a panela bem tapada e indo retificando os temperos a gosto. Se a carne for tenra, ao fim de 60-90 minutos temos o parto confecionado. De lembrar que só está pronto quando puxarmos e ossos se soltarem da carne sem esforço. 



Acompanha com tudo. Fica bem com batata cozida, frita, arroz seco ou, até, um bom pão alentejano.
Bom apetite!