Mas afinal o que são as Adiafas? Sendo um "regionalismo", é provável que poucos saibam o que são. A "adiafa", segundo a Infopédia, é "a refeição que se dá aos trabalhadores no fim de um trabalho". A origem da palavra é árabe e está relacionada com hospitalidade, banquete (do árabe ad-diāfâ).
Dito isto, a Câmara Municipal de Cadaval organiza anualmente a Festa das Adiafas e o Festival do Vinho Leve. O vinho tem tudo a ver com a festa e enquadra-se perfeitamente no conceito, uma vez que o trabalhador rural era/é um dos beneficiários das adiafas.
Este certame é composto por várias iniciativas, sendo o seu cartaz multicultural. Vai desde a gastronomia, os espectáculos musicais, às actividades equestres, animação musical, caminhadas e passando pela caça.
O Cadaval é um concelho predominantemente rural. Terra de bons vinhos, de fruticultura (ligada também à pêra rocha, por exemplo), mas sobretudo a todas as actividades que ao campo dizem respeito.
A caça não é excepção. A Associação de Caçadores do Concelho do Cadaval, colectividade rica em tradição cinegética, é uma das mais activas a nível nacional. Também é bem patente o carinho e o apoio que a CM do Cadaval dispensa às suas iniciativas.
Uma dessas iniciativas é a organização de uma prova de Santo Huberto, inserida no programa da festa. E é esse o motivo que me leva lá há 5 anos.
O certâme tem lugar no Pavilhão Municipal do Cadaval, havendo uma zona interior e outra ao ar livre.
É composto por uma área dedicada à gastronomia, onde existem várias tasquinhas e onde se podem degustar os bons petiscos regionais, outra aos espectáculos musicais e uma zona de expositores.
Esta última, onde estão representados maioritariamente os produtos tradicionais da região, é o vinho que terá, porventura, um lugar de destaque.
E destaque mais do que merecido, uma vez que a sua qualidade e variedade é inquestionável.
A prova de Santo Huberto foi organizada pela ACCC e decorreu no campo de treino da Serra de Montejunto. Terrenos já conhecidos de todos os participantes e com o tempo a não complicar as coisas.
A grande experiência que a Associação detém destas organizações, fez com tudo decorre-se normalmente e sem percalços.
No final da barrage sagrou-se vencedor César Sousa, com o Epagneul Breton, Baro de Mamuda.
A cerimónia da entrega de prémios decorreu no salão do pavilhão municipal do Cadaval e contou, para além da presença de vários membros do executivo camarário, com representantes das juntas de freguesias locais.
Uma vez mais o concelho do Cadaval deu um exemplo daquilo que pode ser a simbiose das actividades da caça e do meio rural, não colocando de parte, nem em causa, a urbanidade actual.
Para o ano haverá mais e penso que, quem nunca esteve presente em anteriores edições da Festa das Adiafas, o deve fazer. Com certeza que não dará o seu tempo por mal empregue.