segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Os TaliPan's da nossa democracia



Num altura em que todos o noticiários abrem com o problema do Afeganistão e dos Talibãs - onde o extremismo e a intolerância religiosa ofendem aqueles que acreditam na livre vontade - aqui, no nosso país temos o PAN, verdadeiros TaliPan's, que também querem proibir tudo que não se insira na sua ideologia animalista/veganista. 

A burca. "burca, também chamada de chadri ou paranja na Ásia Central, é uma veste feminina que cobre todo o corpo, até o rosto e os olhos, porém nos olhos há uma rede para se poder enxergar. É usada pelas mulheres muçulmanas em alguns países islâmicos."  (SIC: Wikipédia)
O fundamentalismo religioso reduz a mulher ao papel de um objecto, sem direito a trabalhar fora de casa, de votar ou, sequer, poder circular na rua sem estar acompanhada por um homem.



O PAN quer "emburcar" a nossa sociedade! Desde logo com a proibição de actividades milenares, como a caça e a pesca, e tendo como obejctivo final acabar, futuramente, com o consumo de carne e peixe.
O PAN não é um verdadeiro partido politico. É uma seita que, à boleia do bem estar animal, tenta por todos os meios sujeitar a nossa sociedade à filosofia Vegan. Pelo caminho contam com o apoio dos incautos. Daqueles que votaram neles, mas que , na realidade, nunca leram o programa do "partido". São sobretudo urbanitas, donos de cães e gatos, que confundem amor pelos seus animais de companhia, com a realidade que não é exclusiva das grandes cidades.

A porta voz do PAN, numa entrevista que deu recentemente, mencionou dezassete vezes a palavra "anacrónico".  "Anacronismo (do grego ἀνά "contra" e χρόνος "tempo") é um erro cronológico, expressado na falta de alinhamento, consonância ou correspondência com uma época. Ocorre quando pessoas, eventos, palavras, objetos, costumes, sentimentos, pensamentos ou outras coisas que pertencem a uma determinada época são erroneamente retratados noutra época". (SIC: Wikipédia)
Ora, o PAN acha que a caça é anacrónica, a pesca é anacrónica e o consumo de carne e peixe anacrónicos. Aliás, só o PAN tem a autoridade moral para decidir o que é, ou não, anacrónico. Foram precisos novecentos anos de história para chegarmos à conclusão que estamos a fazer tudo errado...

Portugal tem 11 milhões de habitantes. Desses 11 milhões, 10,8 milhões podem votar. O PAN teve nas últimas eleições 174 mil votos. Ainda será preciso fazer contas?
Teremos de nos sujeitar à ditadura do gosto de uma ínfima parte da nossa sociedade? Eu acho o PAN anacrónico. É mais do que um erro cronológico, porque nunca deveria ter acontecido. Vivem à custa da projeção e do apoio dos meios de comunicação social, onde cirurgicamente se infiltram e semeiam a sua ideologia. 
É moda, dirão alguns. Eu digo, é cobardia. É fraqueza. É traição a toda uma cultura centenária. E fiquem sabendo que, podem conseguir proibir tudo e mais alguma coisa que não vos agrade, mas nunca conseguirão evitar que a história vos julgue. 

segunda-feira, 3 de maio de 2021

O Alentejo e o paradigma do mundo rural



Não é segredo nenhum que adoro o Alentejo. Talvez por isso seja suspeito, mas - e como eu costumo dizer - preciso de ir, regularmente, descansar os olhos no seu esplendor. Basicamente, gosto de ir ao Alentejo por dois motivos: por tudo e por nada...
Dito isto, estou regressado de passar alguns dias que serviram para treinar os cães, recarregar baterias e fazer uma prova de Santo Huberto. Desta vez tive o privilégio da companhia da minha mulher, a Rita, que também se enquadra perfeitamente neste espírito.





Por convite do meu amigo Paulo Vieira (Meiguices, para os amigos), gestor cinegético da magnifica ZCT da Herdade de Píncaros, onde me colocou à disposição o seu fantástico campo de treino - para além da sua companhia, é claro - sediamos em Mora durante três dias. 









A escolha do alojamento não foi difícil, uma vez que existem várias opções na zona. Embora algumas ainda não estejam e funcionar, por causa da pandemia, optamos por ficar em Brotas, nas Casas de Romaria, local por nós já conhecido e onde ficamos várias vezes. Trata-se de um empreendimento de alojamento local, inserido mesmo no centro da aldeia. São casas recuperadas, totalmente funcionantes e com todo o conforto necessário. 



Quem quiser confecionar as suas refeições tem, inclusive, uma cozinha totalmente apetrechada. Mais típico é difícil e a simpatia da Maria, dona do empreendimento, é uma mais valia.




Entre os treinos, os almoços e os jantares, foram dois dias muito bem passados. Podemos degustar os mais típicos pratos alentejanos e adquirir os tão famosos e apreciados, produtos das região. Os queijos e os enchidos são exlibris desta zona. E já para não falar do pão! Hummm, o pão alentejano... É claro que "pão, pão", é o da padaria do Abundâncio Pinto! O Sr. Abundâncio, do alto dos seus 90 anos, ainda é quem manda. Mai nada!
Desde a cabidela, da Emília, até às migas de espargos com carne de alguidar, no O Alentejano, foi uma autêntica orgia de sabores. 

 




No sábado havia prova de Santo Huberto em Assumar. Esta tinha como objectivo ajudar uma instituição de apoio social, o Centro de Dia de N.Sª dos Milagres, de Assumar. Se por mais não fosse, só por isso já estava justificada a viagem.




Foi a primeira prova que se realizou após o último confinamento, por isso as inscrições (33), esgotaram apenas em 15 minutos. 
A concentração foi junto da igreja em Assumar, de onde partimos depois para os terrenos da prova. Cumprindo as directivas de DGS, o local era muito amplo e permitiu que houvesse todo o distanciamento social que se espera nestas alturas. 
Tive o "azar" de ser o último dos 11 concorrentes a entrar em prova, porém também beneficiei de o terreno já estar seco, embora estivesse mais calor. O pasto estava muito alto, tendo dificultado o trabalho dos cães. Por isso decidi à última hora fazer a prova com a Eva. A sua primeira prova a sério! Sendo a mais nova (2 anos), também teria mais disponibilidade física. E esta prova exigiu muito dos canitos. Correu bem, ficamos em segundo lugar na nossa série e com muito boas indicações para o futuro.


 



Após a prova fizemos o chamado pic-nic campal. Hoje em dia, e cumprindo as regras, não há o tradicional almoço de convívio nas provas de Santo Huberto. Numa tentativa de minimizar riscos, os intervenientes espalham-se por uma ampla área ao ar livre e cada um "faz pela vida".
Estas refeições acabam por ser verdeiros festivais gastronómicos, pois cada um leva algo e depois, tudo junto, transforma-se numa grande refeição!




Afinal, isto é aquilo a que eu chamo de usufruir do interior e do mundo rural. Se não fossem os caçadores e a caça, como teria sido movimentada a economia local desta zona? Mais, estamos fora da época cinegética mas, ainda assim, uma actividade ligada à caça - o Santo Huberto - fez funcionar a hotelaria, a restauração, a produção de caça e a solidariedade! 
O mundo rural - e tudo aquilo a ele associado - está sobre na mira dos urbanitas e não pelas melhores razões como as que acabo de descrever. Estes querem fazer do mundo rural, e das suas actividades, um parque temático de fim-de-semana, onde vão fazer selfies com cara de parvos e florzinhas por fundo, com a legenda de que são ecologistas e se preocupam com as abelhas. Pois é, mas é quem dá de comer às abelhas durante todo o ano?...




Tudo isto não é mais, nem menos, do que aquilo que é o mundo rural e não há dinheiro que pague o podermos usufruir desta realidade! Que a ditadura do gosto nunca consiga acabar com esta nossa paixão: a caça, o campo, a gastronomia tradicional e o inigualável convívio a eles associado!

sexta-feira, 16 de abril de 2021

Desculpem-me, mas não tenho de pedir desculpa





Confesso que quando criei este blogue, em 31 de Dezembro de 2015, nunca imaginei que cinco anos depois estaria a desviar-me do seu objectivo inicial e tão preocupado com coisas que, nessa altura, seriam mera ficção, ou fariam parte de um pesadelo.
Este espaço da blogosfera foi criado na optica da partilha. A partilha de experiências, momentos e valores. Mas, e acima de tudo, a partilha de uma grande paixão: a caça, o mundo rural e a nossa fantástica gastronomia. Estava destinado ser um cantinho de prazeres e sentidos. Daí o seu nome: "Os 5 sentidos da caça".
Passados estes anos, dou comigo a lutar por tudo isto. Lutar por poder caçar; lutar pelo mundo rural; lutar pelas nossa tradições e costumes.




Não sou politico, nem dirigente de qualquer destes sectores da sociedade. Sou um simples cidadão que nasceu e sempre morou na cidade. Não tenho raízes no campo, nem tenho caçadores na família. A minha ligação a tudo isso surge já depois de adulto e de poder escolher as minhas paixões.
Durante a minha vida tive a sorte de encontrar as pessoas certas e que me orientaram nessas várias vertentes. Mostraram-me como era a vida fora da cidades e o que a natureza tinha para me oferecer., Mas, acima de tudo, ensinaram-me a respeitá-la, a entende-la e a usufruir dos seus momentos. Por tudo isso é que: - É no campo que eu me sinto bem!



Presentemente assistimos a um violento ataque a quase tudo que diz respeito à caça e ao mundo rural na sua generalidade. A ditadura do gosto que se instalou em Portugal, exacerbada até ao extremo por partidos radicais - e não apenas animalistas - que tudo fazem para encontrar motivos que justifiquem as proibições. A palavra "proibição" ganhou um novo significado: -"Se eu não gosto, proíba-se".




Qualquer fundamentação que possa ser apresentada, esbarra sempre numa alegada "evolução da sociedade". Nós somos os retrógrados, os primitivos, os involuídos. 
Querem transformar a nossa sociedade, numa bolha acéptica, inodora, insípida e assexuada, onde (até!), todos temos de comer com a quantidade de sal estipulada pelo estado. 







No que à actividade cinegética diz respeito, os partidos animalistas continuam na sua saga. Proibição, proibição, proibição. A Disneyzação da sociedade é digna de um filme de Domingo à tarde: "Caçador mau VS Bambie", ou "O Rei leão é amigo"...
As campanhas de intoxicação da opinião pública começam logo nos bancos da escola, com o passar da mensagem que os caçadores são homens maus que matam os bichinhos.




À boleia de uma pretensa noção de "bem estar animal", orientado para os animais de estimação, querem transportar esses conceitos para a natureza em si, juntamente com os seus habitantes. Para esses tenho uma má notícia: a Natureza é naturalmente violenta! Aí sobrevivem os mais fortes. Não existem lobos a dormir com as ovelhas, nem galinhas de braço dado com  as raposas...  

Mas, na realidade, não é meia dúzia de animalistas urbanóides que me preocupa. A sua expressão nacional é residual. Porém o trafico de influências politicas por onde se movimentam, isso já são outros quinhentos. Estes usam as suas exigências extremistas como se de um "Queijo Liminiano" se tratasse. E, no final, após os tais acertos políticos estratégicos, acabam por levar a água ao seu moinho.




Independentemente dos jogos de bastidores e do politicamente correcto, há uma coisa que eu nunca irei fazer. Nunca pedirei desculpa por exercer uma actividade que é legal, regulamentada, para a qual estou legalmente habilitado e pago licenças e taxas ao estado. Não!



Não! Não tenho de pedir desculpa por algo de que me orgulho de ser e fazer.
Não! Não estou a cometer um crime e ainda pago para fazer aquilo que gosto.
Não! Não quero o mundo rural transformado num parque temático onde os urbanitas vão ao fim de semana tirar fotografias bonitas para o Facebook.

Sim! Quero poder amar a natureza na sua essência e tal como ela é. Com bons e maus encontros.
Sim! Quero poder fazer aquilo que gosto e participar activamente no equilíbrio desta.
Sim! Quero ser respeitado nos meus gostos e convicções.